segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sozinha


Durante o dia, todos os dias, o cheiro predominante é de churrasco. Largas avenidas se cruzando podem ser vistas cheias de movimento o tempo todo. Janelas se abrem e fecham ao redor, me matando de inveja por mostrarem cômodos cujos interruptores de fato acendem e apagam lâmpadas, enquanto eu ainda uso isqueiros e velas. Ônibus verdes vão e vêm em frente a loja de produtos para mágica e truques. À noite, quando os faróis ficam vermelhos, limpadores de vidros fazem dancinhas amigáveis, levantam as camisetas e pedem moedas aos motoristas. Duas prostitutas com roupas iguais tentam conseguir clientes, mas parecem perceber que o ponto é fraco e vão embora. A “Lanchonete da Lucilene” parece ficar aberta 24 horas, mas o “Forró do Marcelinho” só abre aos fins-de-semana e vésperas de feriado. No final da tarde, ao olhar para o lado direito, vejo cores rosas e douradas no céu, que aos sábados e domingos é apropriadamente azul até essa hora.

Aí no domingo, depois que ele foi embora, eu resolvi sair um pouco, pra lutar contra o pequeno início de tristeza e tédio. Encontrei uma menininha no corredor:

- Oi! – ela disse

- Oi. – respondi

- Você tá sozinha? – ela

- Unrum – eu

-Eu também. (sorriso dela)

(sorriso meu)

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Top Ipod: Live Alone – Franz Ferdinand




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