Eu sempre achei melancolia a palavra mais bonita que
existe. Bonita demais pra significar alguma coisa ruim. A tal tristeza
persistente tem uma reputação muito ruim por aí. Talvez, por isso, todo mundo
queira “ser feliz”. Antes eu achava que
o maior objetivo era estar (e não ser) feliz. O tempo todo, de domingo a
domingo, em horários comerciais ou não. Buscar a alegria e esquecer os motivos
da tristeza eram minha maior motivação. Talvez porque a dor fosse grande
demais, eu só queria um sorriso que durasse o maior tempo possível, daqueles de
cansar as bochechas. Mas, sabe, pensando bem, eu não quero sorrir o tempo todo.
E, mais importante, eu não sei sorrir o
tempo todo, nem por fora nem por dentro. Essa vontade de chorar que chega sem
motivo, esse desconforto besta de não pertencer a lugar nenhum, essa fome de
qualquer coisa que eu não sei saciar – isso é vida. Sem tristeza não dá pra
viver, pelo menos se a vida em questão for a minha. Desde quando tristeza
sempre tem que ter causa? Eu abraço a dor, danço com a dor, durmo de conchinha
com a dor. Esse vazio enorme que nunca será preenchido não consegue se calar
por muito tempo. A melancolia é uma música que toca o tempo todo, algumas vezes
muito alto, outras bem baixinho e, não, não dá pra desligar. Por isso, tristeza,
venha compartilhar esse edredom comigo porque hoje a noite é nossa.
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