sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Emoldurando a Paisagem

“As viagens são os viajantes”, diria Fernando Pessoa; “Eu ainda estou de férias” diria a franga de Fuga das Galinhas; “De Volta Para o Futuro” diria Dr. Emmet Brown.
E eu, bem... Eu diria tantas coisas... Tantos sorrisos e palavras bem gastos com minhas lindas meninas, meus encantadores meninos...

Duas claras conclusões: 1- eu só fui embora do passado porque só naquele exato momento eu tive algo para deixar pra trás; 2- eu só começo a me sentir bem no “futuro” porque (agora sim) vejo que também posso construir algo que valha ser lembrado e deixado para trás. Até porque eu só consigo “deixar pra trás” o que eu guardo na memória com algo de acréscimo ao meu Lego existencial. Os 90% restantes eu simplesmente deixo no ponto nulo (ou na Terra do Genésio, como queira).

Eu deixo pra trás carregando comigo todos os restos que me ensinam e me completam e que me fazem ter aquela dor agridoce de não temer o “futuro” e mergulhar nele, exatamente porque o “passado” conseguiu cumprir seu papel de valer se tornar passado. Ou até se tornar parte deste impalpável “presente” (que eu nunca sei o que é), ocasionalmente, mas como uma seqüência bem sucedida de um filme de sucesso.

A moldura meio roxa e lilás que eu coloquei no meu campo de visão talvez direcione melhor e limite um pouco a ânsia de ver e absorver tudo ao mesmo tempo. Ouvi Win Wenders dizer em um documentário que se ele tira os óculos sente que vê demais, por ângulos demais. Acho que eu precisava mesmo de óculos para ver um pouco “menos”.

Ver o suficiente talvez me mostre o sentido do que é o suficiente. Nem mais nem menos. Apenas identificar com mais clareza o que é suficiente. Especialmente porque o melhor de alguns pode ser pouco demais. Ou exagerado. Incluindo nesse quesito todas as formas de vida baseadas em carbono ou não. Inclusive eu.

Eu ganhei roupas, eu ganhei um microfone, eu ganhei doces beijos inesquecíveis...

A saudade que eu trago na minha mala quase tão sem limites quanto a da Mary Poppins é ainda digna de um fado. Mas esse fado é sobre um mundo em translúcidas molduras roxas em degradè, sob o ponto de vista de uma observadora um tanto mais estável, mas que não pensa muito na hipótese de parar de flutuar.


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Top Ipod: Next Year - Foo Fighters

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Livro em branco

Hoje eu presenteei alguém com um livro em branco para ser preenchido por sonhos. E por mais que isso soe como as duas primeiras frases de textos pretensamente líricos (como talvez este também será), isso realmente aconteceu e o propósito é realmente que os sonhos sejam colecionados em forma de palavras num caderninho cor-de-rosa.

Eu sempre estive rodeada por livros em branco. Sempre me presenteei com livros em branco. Sem ter muita certeza de que preenchê-los seria realmente válido. E sem saber também se esse tipo de coisa precisa de propósito.

Os rascunhos se tratados apenas como lugares onde se transcreveram idéias rudimentares não inspiram minha superação. Eu queria guardar todos os meus rascunhos. Queria ter guardado todos os meus rascunhos. E isso nem significa que eu os valorizo tanto assim. Eles não podem ser sempre definitivos, mas nem sempre há tempo para passá-los a limpo.

Livros em branco podem se tornar cheios de trechos rabiscados e reescritos, talvez equivocados, talvez mal traduzidos, talvez gramaticalmente equivocados, talvez cheios de “talvez”...
Estou com uma preguiça “macunaímica” das minhas idéias. Idéias esparsas transmutadas em palavras repetitivas como os acordes das aceleradas canções que eu ouço repetidamente. Inspiração sinuosa e escorregadia. Linguagem dupla e dúbia. Semântica atropelada pelo desespero de raciocínios carentes de receptáculos adequados e férteis. Substantivos e adjetivos que se amontoam tentando fazer sentido além de Maya. Maya tem estado cada vez mais delineada na minha frente. Ás vezes sedutora, quase sempre irritante. Palavras que me salvam, sem saber direito como se ordenar, mas ainda me salvam.

Um livro em branco pode um dia se tornar a minha tão sonhada transcrição da eterna queda no abismo da dúvida. Até lá, vou perdendo cada vez mais o pudor de riscar, rabiscar e reescrever.

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Top Ipod: Through The Roof N' Underground - Gogol Bordello

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Ela flutua

Saudade, sempre. Esse é o sentimento mais constante e eu já me acostumei. Mas do que eu sinto mais saudade é dela. Aquele sorriso dela, a antiga confusão dela, a ausência estranha que ela tinha de si mesma. E tinha aquela mania que ela tinha de beber e chorar. Ela nem tem bebido mais e suas lágrimas estão muito estranhas. Quase não saem. E ela tinha aquela risada que saia tão cheia de razão, tão plena de si, tão digna de ser compartilhada que disfarçava a antiga dor. Que hoje eu nem sei se realmente era uma dor. Há momentos em que eu sinto mais falta dela do que deveria. Outros momentos em que eu até me esqueço do que ela foi. Na maioria das vezes não sei dizer se ela realmente existiu ou como ela existiu. Hoje eu estou mais jovem do que ela. Ou mais velha do que ela. Mas ainda flutuo. E daqui de cima a vista é turva. Nebulosa como qualquer idiossincrasia que ela tinha. Não estou certa se quero ter os mesmos motivos pra sorrir ou pra chorar que ela tinha. Mas ainda não é a hora de saber ou de falar. E flutuar não é tão incômodo assim... Mas eu devo flutuar sozinha.

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Top Ipod: To Youth - Flogging Molly

terça-feira, 9 de outubro de 2007

E a Trilha Sonora

Andar por aí ouvindo música no fone de ouvido talvez não sirva só pra dar à vida uma aparência de videoclipe...
Hoje, mais do que nos outros dias, o mundo parecia dançar ao som do que eu ouvia. De pessoas correndo a coqueiros balançando entre prédios, de flores roxas a poodles perdidos. Se eu quisesse mudar o ritmo do mundo que eu via, bastava mudar de música. Simples assim, o mundo continuava seguindo os passos de acordo com o meu som.
E metaforizando e embutindo significado nas coisas, pensei que talvez seja exatamente isso que acontece: nós mudamos o som individual que ouvimos para que 'o mundo, o universo e tudo o mais' dance ao nosso redor ou dance conosco...
Então é isso. Agora eu vou prestar mais atenção na música que eu ponho pro mundo dançar na minha frente. E vou mudar o ritmo também, pra ter um pouco mais de graça. E olhar com mais cuidado todos os passos que os bailarinos fizerem.


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Top Ipod: Sweetness Follows - R. E. M [pra dançar de rostinho colado com a vida]

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O Futuro do Pretérito

Contexto: entrevista de emprego, bem no fim de uma semana preenchida por fatos aleatórios sem (com) sentido, como talvez seja a vida inteira. O tema da redação era o uso da censura nos tempos modernos e, após eu conseguir buscar no fundo do meu cérebro que censorship quer dizer censura, comecei a escrever qualquer coisa.

Mas, como um fenômeno que às vezes acontece, o texto foi tomando vida própria. As palavras na língua estrangeira foram se juntando não muito confortavelmente e foram fazendo sentido pra mim mesma, muito além do que eu pretendia para uma tola composição de 180 palavras.O passado, o futuro e o confuso presente, sempre mencionados, e sempre incômodos, apesar de serem a coisa mais clichê já inventada, seriam o cenário em que se desenvolvem todas as tramas. Até porque o tempo assim em unidades de medida soa melhor sem essa parte das “unidades de medida”. O presente foi futuro no passado....

Assim como em um portátil aparelhinho que toca músicas, seria interessante ligar o “shuffle” e esperar pra ver qual “música” viria nesse futuro, que um dia será presente. A inércia de não querer mexer muito nos fatos embaralhados e jogados um a um no enredo é inquietante, juntando-se com o fato de todas as respostas carecerem de perguntas correspondentes. Talvez porque o “shuffle” tenha sido ligado antes de o tempo ser tempo e se dividir em passado, presente e futuro ou qualquer outro nome que poderíamos inventar. E muito antes de qualquer especulação racional inútil formulada por um andróidezinho paranóico como eu.


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Top Ipod: Leve - Chico Buarque

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Talvez

Comecei dizendo que toda fraude é frágil
Se soubesse as notas até viraria isso em canção
Mas supus que nem se meu dedilhar fosse ágil
Teria sentido o cantar do ainda mudo violão
Concluí que lirismo com rima é pra gente hábil
Repensei a idéia, por ser em si advérbio em desconstrução
Apaguei, recoloquei, observei meu pêndulo retrátil.
Ao imaginar o tempo preenchido por cores de opção
O sorriso desfingiu-se e renasceu a paixão portátil
E todo o meu talvez
es
fa
re
lou-
se

no

chão.

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Top Ipod: Erase Replace - Foo Fighters (do novo incrível novo álbum Echoes, Silence, Patience and Grace)

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Restos

Eu preciso me livrar desses restos. Enfiá-los num enorme saco plástico escuro. Esses restos precisam se livrar de mim. E talvez eles me coloquem dentro desse saco plástico malcheiroso. Eu preciso sentir. Eu preciso chorar. Ou talvez sentir seja para os fracos. O pranto não sabe mais se materializar em líquido. Restos se acumulam e se empilham e se sufocam e se espalham. Entram nos meus pesadelos recorrentes. Restos de um passado que ainda é. Restos de um futuro que nunca será. Restos de um presente que não sabe acontecer. Restos que não merecem ser restos. Restos que não merecem voltar para onde vieram. Restos que não podem mais ficar aqui. E restos que eu não quero expulsar. Restos que ficam olhando fixamente para mim. Restos que me fazem desviar o olhar para algo que eu não consigo identificar ao certo. Restos mortais do que não foi. Restos que se mexem como zumbis. Restos de mim. Restos de almas que não acharam o caminho para habitar corpos. Corpos que nunca se pertenceram. Um corpo que fabrica palavras demais. Palavras que talvez não nasceram pra fazer sentido.
Os restos são minha única companhia na Terra da Solidão. Mas eu prefiro ficar sozinha.
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Top Ipod: Copo Vazio - Chico Buarque

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Toda mulher é a amante lésbica de si mesma*

Ainda meio entorpecida pelo sono, virei de lado. Abri os olhos muito devagar e sem vontade. Estava escuro, mas não tão escuro a ponto de esconder uma silhueta. E a silhueta estava lá, imóvel, recebendo aquela luz meio azul, fraca e mal proporcionada.Ela estava sentada à beira da cama, com as costas completamente nuas, os cabelos presos e desalinhados, intencionalmente revelando aquela nudez, com uma postura segura de bailarina. Todas as vértebras pareciam estar em seu devido lugar. Não soube ao certo se a nudez existia também abaixo da linha da cintura. Minhas atenções não estavam voltadas para mais nada que aquele inverso do frontal. Inverso, mas revelador. Revelava muito mais que qualquer expressão facial, porque eu percebia apenas o que queria ver. Daqueles cabelos tão familiares que normalmente nunca são presos. Aquele pescoço meio desconhecido que se oferecia tão acessível e sem pudores. Os ombros retos e tensos, contrastando com os braços inexplicavelmente relaxados.A luz me permitia ver por inteiro a pele daquelas costas, que embrulhavam as linhas da carne e dos ossos, da cintura que parecia mais fina do que eu me lembrava. O início dos quadris, que ao atraírem meu olhar, logo me faziam voltar a olhar pra cima. E ver de novo os cabelos com aquele penteado diferente, que me davam permissão pra captar inteiramente aquela cena. E esquecer de mim para olhar aquela silhueta.Contemplativa e encantada que estava, quase não percebi que minha mão direita se moveu meio involuntariamente em direção àquelas costas. E sabendo exatamente o que fazer naquele momento, apesar da ânsia de querer mais, foi seguindo muito lenta e cuidadosa para tocar suavemente e se permitir experimentar aquela cena com um outro sentido que não apenas a visão.E de repente, lá estava eu, de longe, olhando pra mim tocando as minhas costas e achando que dessa vez sim, eu estava me apaixonando por mim mesma, sem nenhuma projeção intermediária.


* Frase de Nelson Rodrigues adaptada.


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Top Ipod: I Me Mine: The Beatles

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O abismo, incipiente, mas abismo...

Caminhar, lento, pausado, ir embora, aprender a voltar, aprender a voltar sem ficar, olhando pro lado, olhando pro outro lado, perceber, ouvir, escutar, observar, observar de novo, concluir, afirmar, voltar atrás, tentar de novo, agradecer, gritar, se calar....
Se calar...
Se calar...
Se calar...
Tropeçar, como sempre, e...
C A I R
C A I R
C A I R
Olhando dentro dos olhos do abismo que sempre esteve dentro da carcaça levada tão a sério. O abismo cheio de hematomas. Que não se curam tão facilmente quanto os externos. Durante a queda, gritam os fantasmas, gritam as teorias, gritam as opiniões sobre as teorias alheias, gritam as teorias próprias, grita a negação disso tudo.
Os sentimentos ficam espalhados ao redor, na forma de sua representação em palavras. As palavras representando sentimentos, assim como na vida real. Como se os sentimentos fossem apenas letras agrupadas. E esses grupos de letras se esticam e se distorcem como que negando a finalidade a que foram destinados.
Os gritos de dentro são tão altos que impedem que seja produzido algum som externo.
O abismo é a dúvida, da vontade que ainda não soube se fazer querer, pela exclusiva culpa de quem a possui. Culpa assumida. Abismo necessário. Intrínseco, individual e imutável na essência.
A queda livre retorna agora à tona, como meu sonho do passado, que vai começar a tomar forma. Criatividade muda aprendendo a balbuciar.

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Top Ipod: (Come on) Let's Go! - Smashing Pumpkins



domingo, 5 de agosto de 2007

Not enough

The time is not enough.
The inspiration is not enough.
The distance is not enough.
The missing is not enough.
The money is not enough.
The empty eyes are not enough.
The knowledge is not enough.
The loneliness is not enough.
The touch is not enough.
The words are not enough.
The patience is not enough.
The food is not enough.
The will is not enough.
The feelings are not enough.
Even the longing is not enough.

She feels so weary sometimes…


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Top Ipod: Fado das Dúvidas - Madredeus




quinta-feira, 26 de julho de 2007

Calculando, mensurando e racionalizando...

Daí a Wikipedia me disse:

“Fases ou estados da matéria são conjuntos de configurações que objetos macroscópicos podem apresentar. O estado físico tem a relação com a velocidade do movimento das partículas de uma determinada substância. Canonicamente e segundo o meio em que foram estudados, são três os estados ou fases considerados: sólido, líquido e gasoso. Outros tipos de fases da matéria, como o estado pastoso ou o plasma são estudados em níveis mais avançados de física. As características de estado físico são diferentes em cada substância e depende da temperatura e pressão na qual ela se encontra.”

Muito obrigada, ó grande oráculo para os ignorantes leigos que buscam definições como alguns famintos buscam fast food.
Hoje comecei a pensar que os sentimentos têm estados físicos também...

O encantamento pela simetria é gasoso, tão pusilânime quanto efêmero.
A dor é gasosa, porque cerca os sentidos como uma atmosfera espessa e sufocante que tende a se dissipar aos poucos.
A “felicidade” é gasosa, como a fragrância de saída de uma complexa formulação de odores...
A saudade é sólida, porque dói e pesa como bloco de concreto entre os pulmões e talvez se possa até calcular sua massa em quilogramas.
A ansiedade é sólida porque pesa nas mãos, nos ombros, na língua e no topo da cabeça.
A culpa é sólida, ora leve, ora muito muito densa...


A paixão é um líquido volátil que circula à paisana no plasma do sangue.

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Top Ipod: Mornings Eleven - The Magic Numbers

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Um filme no close pro fim

Ultimamente tenho soltado sem perceber algumas reflexões meio baratas do tipo que vêm no fim de filmes de comédias românticas ou em episódios clímax de alguns seriados. Brotam de mim frases do tipo: “Ninguém faz ninguém sofrer. Nós mesmos buscamos o sofrimento.” Tudo isso soa demasiado clichê, mas virando a situação, o ponto crucial é exatamente esse.
Eu que sempre fugi de tudo que fosse indício de convencional demais, óbvio demais, enfim, acessível demais, me surpreendo com conclusões dignas de um filme protagonizado pela Meg Ryan.
O tempo todo se constroem verdades e conceitos e aforismos e teorias e paradigmas individuais e coletivos que pretendem ser úteis e mostrar um novo caminho, ou uma forma de se trilhar algum dos caminhos pré-existentes. Muitos, inclusive algumas jacas comuns, tentam fazer isso a seu modo, talvez até em livros de auto-ajuda para os homo medianus.
A partir do momento em que imergimos no senso comum, ou seja, quando nascemos, não há como fugir completamente dele. Nós vivemos em sociedade e nos adaptamos a ela, de alguma forma, ainda que sejamos do tipo que contesta e discorda de quase tudo, ainda assim o nosso “eu” tem uma grande parcela do meio.
E ISSO É ÓBVIO. Mas às vezes o próprio óbvio, assim claro e simples é difícil de se concluir.
Ninguém é apenas si mesmo. O externo, o senso comum, rodeiam e invadem o nosso eu, inevitavelmente, mesmo que pensemos em algumas opiniões que julgamos ser exclusivamente nossas em sua essência. Por mais que a contribuição dos fatores externos seja pequena, ela sempre vai estar presente na nossa visão de mundo.
O vetor da busca que realizamos enquanto os olhos estão abertos aponta para algo que supostamente queremos ou deveríamos querer. E esse real objetivo também tem influências externas e ainda o adicional interno / externo da necessidade de alimentação do ego.
Dizer que tudo é simples não significa que tudo seja óbvio. Mas talvez o óbvio sirva como um dos instrumentos de tentativa de percepção desse todo. O caminho para a percepção tem vários instrumentos a serem utilizados. E começo a pensar que devo desprezar menos o clichê.
E assim, de reflexões cíclicas que tendem ao nada, se faz meu dia-a-dia. Algumas conclusões que realmente cabem no fim de algum “filme” que eu protagonizei, ou em alguma cena do meu enorme “filme” escrito pelo roteirista maluco.
Um filme sempre acaba, cheio de frases clichês, para dar espaço a um filme novo, de roteiro indefinido, mas com uma fórmula encantadora... Agora é deixar os créditos subirem...
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Top Ipod: The Deepest Blues are Black - Foo Fighters

domingo, 8 de julho de 2007

Super Taranta!



Finalmente! Álbum novo do Gogol Bordello! E eu, com minha ausência total de propriedade para ser crítica musical apenas digo que me divirto absurdamente com ele.

E graças à internet, a grande aliada de todos nós, ele pôde ser baixado antes de seu lançamento mundial (10 de julho). É claro que eu, apesar de ser grande aliada da mídia adquirida gratuitamente, com certeza comprarei o original assim que possível, regalia que só dou aos artistas muito especiais pra mim.

E o super fodão Eugene Hutz, além de performático, engraçado, criativo, original, se mostra mais fodão do que nunca. Incrementa àquela salada Gipsy Punk elementos ainda mais gipsy punks, em todos os sentidos que essas palavras podem ter, incluindo ainda tarantela italiana (!). E por mais BIZARRO que isso possa parecer, o resultado da salada maluca é delicioso! Os vocais descontrolados do Eugene, com todos aqueles instrumentos ciganos ao fundo (inclusive a sanfona, acordeon ou gaita, como queiram :P) marcam ainda mais como o jeito Gogol Bordello de ser nesse novo álbum. A faixa Wonderlust King é… wow! E ainda tem um novo arranjo pra Strange Uncles from Abroad.


E para quem não faz a mínima idéia do que eu estou falando, eu recomendo uma tentativa pelo mundo de Eugene e companhia... Tipo: Dá uma olhada na capa!!! Eugene me conquistou desde aquele sotaque carregado naquele inglês único que ele fala em Everything is Illuminated (em cuja trilha sonora o Gogol está presente).” He’s a premium dancer and all the girls want to go carnal with him”. Além disso, o som deles é muito a minha cara! Uma grande mistura, bem humorado, sarcástico, debochado, abusado e porque não, non sense também.

Quer mais? http://www.sideonedummy.com/bands_bio1205.php?band_name=Gogol_Bordello



Because a purple little little lady will be perfect for a dirty old and useless clown...




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Top Ipod: Wonderlust King - Gogol Bordello




sábado, 30 de junho de 2007

Da série: Alguém controle minha imaginação!

É nisso que dá mandar a Balbina trabalhar na Zona Leste às vezes... A imaginação dela quase não é doente, né? Ela vê uma placa dessas e imagina vidros promíscuos, lascivos, libidinosos, concupiscentes (e todas essas lindas palavras ligadas à sexualidade) que não páram de copular entre si e precisam de um controle definitivo de natalidade, feito nos vidros do sexo masculino. Se você tem problema com um vidro assim, é só ligar pro tio aí de cima...

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Top Ipod: Love is only a feeling - The Darkness

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Jacas e Jacas

“[Balbinie Poulain] diz: eu dormi igual uma jaca hoje, se é que as jacas dormem
Rev. Robinson diz: e se dormissem, jacas sonhariam?
[Balbinie Poulain] diz: sonhariam com uma grande tomada de consciência de jacas. ^Se tivesse ao menos um gerador de improbabilidade infinita... A gente podia tentar...
Rev. Robinson diz: quando elas dariam por si como jacas. ^ e saber que a função delas e nascer, crescer e morrer pra ser comida
[Balbinie Poulain] diz: elas fariam uma grande revolução ^ caindo deliberadamente nas cabeças humanas
Rev. Robinson diz: ou se acomodariam ^ e aceitariam
[Balbinie Poulain] diz: como a maioria dos humanos faz ^ com a sua condição humana ^ (nó triplo na cabeça agora)
Rev. Robinson diz: uma ou outra cairia na cabeça de alguém importante ^ mas todo mundo diria que foi acidente ^ e as pessoas importantes deixariam de passear debaixo das jaqueiras


Não. Só essa conversa, apesar de fantástica não bastava. Eu poderia escrever algo sobre a sociedade e “A Revolução”, aquela revolução tão esperada e discutida por tanta gente muito mais inteligente que eu através dos tempos. Prefiro apenas falar de Jacas. Ou de pessoas. Tanto faz, dá na mesma...
Acredito que existam jacas comuns (ou civis, como diria o Francis) e jacas especiais. Jacas comuns não me interessam. Agora as jacas especiais vivem tentando perceber tudo, duvidam de muita coisa e talvez até tentem fazer uma revolução, mesmo que seja uma revolução “pocket”, daquelas que acontecem em um pequeno círculo social ou mesmo as revoluções apenas de si mesmo.
A maioria das jacas comuns fica por aí, nas ruas, escritórios e universidades, levando suas vidinhas comuns de jaca e pensando e fazendo o que jacas comuns deveriam fazer. Algumas jacas comuns podem, entretanto, parecerem jacas especiais a olhos distraídos. Elas têm um quê de jaca revolucionária e até enganam por um certo tempo algumas jacas especiais. Mas as jacas especiais de verdade sabem reconhecer uma outra jaca especial. As jacas especiais sentem mais dor porque quando dormem e sonham, tentam tomar consciência de toda essa grande ilusão e do que há por trás dela. Elas vivem caindo de seus galhos.
O mais fascinante é que existem diversos tipos de jacas especiais, tomando consciência cada uma a seu modo e questionando o fato de que nasceram pra serem comidas. Já as jacas comuns são de um tipo só. A diferença são as máscaras que elas usam, às vezes até pra fazer de conta que são jacas especiais.

Ah, e eu nunca comi jaca, a fruta. Quando provar eu conto o que achei...

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Top Ipod: For no one – The Beatles


quinta-feira, 21 de junho de 2007

Bem vindos, Argonautas!

Sim! Para fazer a vida insossa de milhares de pessoas ter novamente algum sentido, eu volto a ter um blog!! Minhas palavras escritas novamente trarão emoção e libido às suas vidas.
Tá, foi uma piada... Minha auto-estima não melhorou tanto assim. Mas não duvidem que ela melhorou, e muito! Digamos que assim como a temática e o sentido de ser do blog e o servidor deste, essa Balbina que vos fala é uma pessoa paquidermicamente diferente.
Nesse post de estréia, faço alguns compromissos: (não são rígidos, até porque quem manda aqui sou eu e posso obedecer às regras à inteira disposição do meu estado de humor).
1- Este blog não será um “querido diário”. Não vou ficar escrevendo o que eu faço ou deixo de fazer, exceto se isso servir pra contextualizar algum assunto ou então (melhor) pra contar algum fato estapafúrdio de veracidade duvidosa ou meramente fictício.
2- Pouparei ao máximo meus eventuais ou assíduos leitores dos meus dramas interiores, apesar de ter o hábito de escrever sobre isso com uma impessoalidade tão grande que só me faço entender pra mim mesma ou para os melhores amigos.
3- Dessa vez ninguém vai ficar esperando por minha carta de suicídio devido à seqüência de infortúnios, como por exemplo: coitada de mim => como eu sofro => tomei um porre e chorei => cachorrinha doente => cachorrinha morreu. Justificativa: nem adiantava esperar pela carta de suicídio. Eu não tenho talento pra donzela sofredora.
4- Mesmo que a função primeira de ter um blog, na minha opinião, é ser um meio de escoar a quantidade enorme de raciocínios malucos e infundados que existem dentro da pessoa que o escreve, desta vez pretendo ser bem mais cuidadosa com o que vou postar. Faz muito mais meu estilo trazer sorrisos a trazer impressões lúgubres. Mas é claro que não vou deixar meu lado blasé... Ele pode ser usado para o humor também.
5- Conspiração, segundo o dicionário Aurélio: “Ato ou efeito de conspirar. Conluio Secreto.” Geralmente conspira-se em grupo. Eu também gosto de conspirar em grupo. Mas conspiro comigo mesma o tempo todo, na língua que minhas metáforas me permitem.

Portanto, senhores, acomodem-se nas poltronas. A cortina é descerrada neste momento, seja para o asco, seja para o deleite.

Welcome to my new world!


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