Eu sempre adorei os cães. Gosto do olhar deles, dos súbitos ataques de alegria, da enorme empolgação que eles demonstram quando colocamos comida pra eles, do excesso de carência e até daquelas mordidinhas desesperadas dos filhotes nos dedos humanos (que acabei de aprender que devem ser evitadas para que os cães não fiquem agressivos).
Como dizia George Carlin, “a vida é uma sucessão de cachorros”, e eu realmente posso dividir a minha vida em ‘eras’ de acordo com o cachorro que eu tinha na época. Lembro do nome e de características estranhas de todos os meus cachorros, que não tinham raça definida, mas sempre estavam lá com as duas patinhas sobre o degrau da cozinha da casa da minha mãe, esperando alguma coisa (comida).
Semana passada, quando o meu tão sonhado filhotinho de pug chegou aqui em casa eu comecei a entender melhor o que me encanta tanto nos cães. No início eu demorei a acreditar que ele realmente existia, depois das incontáveis horas que eu passava procurando fotos de pug na internet e cobiçando os pugs alheios passeando com seus donos nos fins de tarde. Depois eu comecei a prestar mais atenção no comportamento dele, nos hábitos sendo adquiridos, em pequenos detalhes, como o barulhinho que ele faz quando respira ou a posição que ele sempre escolhe para dormir.
Eu olho pra ele e parece tudo tão simples. Ele é tão lindo e amado e sua rotina se resume a coisas necessárias e básicas: comer, beber água, usar seu tapete higiênico como banheiro, brincar, chorar um pouquinho por carinho, se movimentar até cansar e depois entrar em sua casinha aconchegante para dormir. A vida dele é tão repetitiva e simples e quando eu o observo eu só consigo enxergar felicidade, desde o olho enorme e brilhante até o rabinho enroladinho que está sempre se mexendo. Ao lado dele eu tenho vergonha da minha insatisfação com a vida, da minha preguiça, da minha insegurança, das minhas crises de não querer sair da cama, dos meus ataques de odiar a tudo e a todos. Ele nunca terá uma infância complicada, uma adolescência sofrida, rompimentos amorosos, falta de sucesso profissional ou medo de ser rejeitado. Ele sempre será querido e terá essa rotina simples e quanto carinho quiser receber. Quando ele começa a pegar no sono deitado no meu colo tudo parece tão fácil e tranqüilo que eu quase tenho inveja. Na verdade, eu percebi que ele está me trazendo paz. Eu também durmo, acordo, faço minhas refeições e vou ao banheiro algumas vezes ao dia, “brinco”, recebo carinho, me canso e durmo de novo. E isso é tão simples. Eu preciso aprender com o meu cachorrinho que viver é simples e básico e que é possível ter esse brilho nos olhos e abanar o meu rabinho.
Há uma nova vida dentro da minha casa e, eu imagino que também haja uma nova vida dentro da minha vida.
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Para quem quiser ver mais fotos do Humbert Humbert, visitem:
http://humberthumbertthepug.tumblr.com~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Top Ipod: Raise The Knowledge – Gogol Bordello
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5 comentários:
Feliz pelo seu pug :)
obrigada!
\o/
Nunca fui muito de bichos, sabe? Acho filhotinhos umas coisas fofas, mas acho que eles precisam de mais atenção do que a que eu tenho pra dar. E se é pra não suprir todas as necessidades do bichinho, melhor não ter um. Mas vendo as fotos do Humbert, SUPER dá vontade de adotar um filhotinho DJÁ! [Até pra saber se ele faria umas mudanças assim na minha vida tamém.]
Aperte-o por mim, sim? Mas só um pouquinho, pra ele não ficar com olhinhos esbugalhados.
si-im!
Olha, eu estou praticamente em segundo plano, só pra cuidar direito do bichinho... And I'm loving every minute of it! =)
Muito bonito o que vc escreveu sobre o seu cachorrinho. Eu também tenho um cachorrinho, ele é da raça beagle e chegou aqui filhote. Na verdade é da minha filha, mas é meu também. Ele é uma graça, adora brincar e comer e adora carinho, tem aquela carinha de pidão.
Ele é "um anjo de quatro patas".
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