sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Amoras poluídas

Vez ou outra eu me sinto fraca. O tamanho do sorriso que acompanha o bom dia da colega de trabalho é angustiante. É impossível suportar a pressa do motoqueiro que acelera no farol amarelo. Se você ao menos olhar em minha direção eu posso começar a chorar e desandar a falar sem sentido sobre meu medo de tudo dar errado. Não aguento as amoras caindo sem parar no chão imundo do canteiro central. Não sei lidar com o clima quente da manhã que se transforma no vento gelado do fim da tarde. Minha falta de paciência com o tempo me faz chegar atrasada onde eu sou obrigada a estar. Eu tenho que estar onde não quero estar. Mas devo esperar o tempo me levar calmamente até onde eu preciso estar. O tempo tem seu próprio tempo.

Parem de cair, amoras.




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Top Ipod: When You Wake Up Feeling Old - Wilco




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Um comentário:

artista sem pena disse...

A vida é uma sequência de desafios.Algumas pessoas sentem mais isso do que outras.O lado bom disso é que você é sensível e aposto que só fica triste com as amoras que caem no cimento.Isso é porque aquelas que caem na terra estão voltando à sua origem do jeito que deveria ser, sem a pressa do motoqueiro, sem manchar a calçada, no seu tempo.Um sorriso...

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