Andar por aí ouvindo música no fone de ouvido talvez não sirva só pra dar à vida uma aparência de videoclipe...
Hoje, mais do que nos outros dias, o mundo parecia dançar ao som do que eu ouvia. De pessoas correndo a coqueiros balançando entre prédios, de flores roxas a poodles perdidos. Se eu quisesse mudar o ritmo do mundo que eu via, bastava mudar de música. Simples assim, o mundo continuava seguindo os passos de acordo com o meu som.
E metaforizando e embutindo significado nas coisas, pensei que talvez seja exatamente isso que acontece: nós mudamos o som individual que ouvimos para que 'o mundo, o universo e tudo o mais' dance ao nosso redor ou dance conosco...
Então é isso. Agora eu vou prestar mais atenção na música que eu ponho pro mundo dançar na minha frente. E vou mudar o ritmo também, pra ter um pouco mais de graça. E olhar com mais cuidado todos os passos que os bailarinos fizerem.
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Top Ipod: Sweetness Follows - R. E. M [pra dançar de rostinho colado com a vida]
terça-feira, 9 de outubro de 2007
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
O Futuro do Pretérito
Contexto: entrevista de emprego, bem no fim de uma semana preenchida por fatos aleatórios sem (com) sentido, como talvez seja a vida inteira. O tema da redação era o uso da censura nos tempos modernos e, após eu conseguir buscar no fundo do meu cérebro que censorship quer dizer censura, comecei a escrever qualquer coisa.
Mas, como um fenômeno que às vezes acontece, o texto foi tomando vida própria. As palavras na língua estrangeira foram se juntando não muito confortavelmente e foram fazendo sentido pra mim mesma, muito além do que eu pretendia para uma tola composição de 180 palavras.O passado, o futuro e o confuso presente, sempre mencionados, e sempre incômodos, apesar de serem a coisa mais clichê já inventada, seriam o cenário em que se desenvolvem todas as tramas. Até porque o tempo assim em unidades de medida soa melhor sem essa parte das “unidades de medida”. O presente foi futuro no passado....
Assim como em um portátil aparelhinho que toca músicas, seria interessante ligar o “shuffle” e esperar pra ver qual “música” viria nesse futuro, que um dia será presente. A inércia de não querer mexer muito nos fatos embaralhados e jogados um a um no enredo é inquietante, juntando-se com o fato de todas as respostas carecerem de perguntas correspondentes. Talvez porque o “shuffle” tenha sido ligado antes de o tempo ser tempo e se dividir em passado, presente e futuro ou qualquer outro nome que poderíamos inventar. E muito antes de qualquer especulação racional inútil formulada por um andróidezinho paranóico como eu.
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Top Ipod: Leve - Chico Buarque
Mas, como um fenômeno que às vezes acontece, o texto foi tomando vida própria. As palavras na língua estrangeira foram se juntando não muito confortavelmente e foram fazendo sentido pra mim mesma, muito além do que eu pretendia para uma tola composição de 180 palavras.O passado, o futuro e o confuso presente, sempre mencionados, e sempre incômodos, apesar de serem a coisa mais clichê já inventada, seriam o cenário em que se desenvolvem todas as tramas. Até porque o tempo assim em unidades de medida soa melhor sem essa parte das “unidades de medida”. O presente foi futuro no passado....
Assim como em um portátil aparelhinho que toca músicas, seria interessante ligar o “shuffle” e esperar pra ver qual “música” viria nesse futuro, que um dia será presente. A inércia de não querer mexer muito nos fatos embaralhados e jogados um a um no enredo é inquietante, juntando-se com o fato de todas as respostas carecerem de perguntas correspondentes. Talvez porque o “shuffle” tenha sido ligado antes de o tempo ser tempo e se dividir em passado, presente e futuro ou qualquer outro nome que poderíamos inventar. E muito antes de qualquer especulação racional inútil formulada por um andróidezinho paranóico como eu.
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Top Ipod: Leve - Chico Buarque
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Talvez
Comecei dizendo que toda fraude é frágil
Se soubesse as notas até viraria isso em canção
Mas supus que nem se meu dedilhar fosse ágil
Teria sentido o cantar do ainda mudo violão
Concluí que lirismo com rima é pra gente hábil
Repensei a idéia, por ser em si advérbio em desconstrução
Apaguei, recoloquei, observei meu pêndulo retrátil.
Ao imaginar o tempo preenchido por cores de opção
O sorriso desfingiu-se e renasceu a paixão portátil
E todo o meu talvez
es
fa
re
lou-
se
no
chão.
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Top Ipod: Erase Replace - Foo Fighters (do novo incrível novo álbum Echoes, Silence, Patience and Grace)
Se soubesse as notas até viraria isso em canção
Mas supus que nem se meu dedilhar fosse ágil
Teria sentido o cantar do ainda mudo violão
Concluí que lirismo com rima é pra gente hábil
Repensei a idéia, por ser em si advérbio em desconstrução
Apaguei, recoloquei, observei meu pêndulo retrátil.
Ao imaginar o tempo preenchido por cores de opção
O sorriso desfingiu-se e renasceu a paixão portátil
E todo o meu talvez
es
fa
re
lou-
se
no
chão.
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Top Ipod: Erase Replace - Foo Fighters (do novo incrível novo álbum Echoes, Silence, Patience and Grace)
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Restos
Eu preciso me livrar desses restos. Enfiá-los num enorme saco plástico escuro. Esses restos precisam se livrar de mim. E talvez eles me coloquem dentro desse saco plástico malcheiroso. Eu preciso sentir. Eu preciso chorar. Ou talvez sentir seja para os fracos. O pranto não sabe mais se materializar em líquido. Restos se acumulam e se empilham e se sufocam e se espalham. Entram nos meus pesadelos recorrentes. Restos de um passado que ainda é. Restos de um futuro que nunca será. Restos de um presente que não sabe acontecer. Restos que não merecem ser restos. Restos que não merecem voltar para onde vieram. Restos que não podem mais ficar aqui. E restos que eu não quero expulsar. Restos que ficam olhando fixamente para mim. Restos que me fazem desviar o olhar para algo que eu não consigo identificar ao certo. Restos mortais do que não foi. Restos que se mexem como zumbis. Restos de mim. Restos de almas que não acharam o caminho para habitar corpos. Corpos que nunca se pertenceram. Um corpo que fabrica palavras demais. Palavras que talvez não nasceram pra fazer sentido.
Os restos são minha única companhia na Terra da Solidão. Mas eu prefiro ficar sozinha.
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Top Ipod: Copo Vazio - Chico Buarque
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Toda mulher é a amante lésbica de si mesma*
Ainda meio entorpecida pelo sono, virei de lado. Abri os olhos muito devagar e sem vontade. Estava escuro, mas não tão escuro a ponto de esconder uma silhueta. E a silhueta estava lá, imóvel, recebendo aquela luz meio azul, fraca e mal proporcionada.Ela estava sentada à beira da cama, com as costas completamente nuas, os cabelos presos e desalinhados, intencionalmente revelando aquela nudez, com uma postura segura de bailarina. Todas as vértebras pareciam estar em seu devido lugar. Não soube ao certo se a nudez existia também abaixo da linha da cintura. Minhas atenções não estavam voltadas para mais nada que aquele inverso do frontal. Inverso, mas revelador. Revelava muito mais que qualquer expressão facial, porque eu percebia apenas o que queria ver. Daqueles cabelos tão familiares que normalmente nunca são presos. Aquele pescoço meio desconhecido que se oferecia tão acessível e sem pudores. Os ombros retos e tensos, contrastando com os braços inexplicavelmente relaxados.A luz me permitia ver por inteiro a pele daquelas costas, que embrulhavam as linhas da carne e dos ossos, da cintura que parecia mais fina do que eu me lembrava. O início dos quadris, que ao atraírem meu olhar, logo me faziam voltar a olhar pra cima. E ver de novo os cabelos com aquele penteado diferente, que me davam permissão pra captar inteiramente aquela cena. E esquecer de mim para olhar aquela silhueta.Contemplativa e encantada que estava, quase não percebi que minha mão direita se moveu meio involuntariamente em direção àquelas costas. E sabendo exatamente o que fazer naquele momento, apesar da ânsia de querer mais, foi seguindo muito lenta e cuidadosa para tocar suavemente e se permitir experimentar aquela cena com um outro sentido que não apenas a visão.E de repente, lá estava eu, de longe, olhando pra mim tocando as minhas costas e achando que dessa vez sim, eu estava me apaixonando por mim mesma, sem nenhuma projeção intermediária.
* Frase de Nelson Rodrigues adaptada.
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Top Ipod: I Me Mine: The Beatles
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
O abismo, incipiente, mas abismo...
Caminhar, lento, pausado, ir embora, aprender a voltar, aprender a voltar sem ficar, olhando pro lado, olhando pro outro lado, perceber, ouvir, escutar, observar, observar de novo, concluir, afirmar, voltar atrás, tentar de novo, agradecer, gritar, se calar....
Se calar...
Se calar...
Se calar...
Tropeçar, como sempre, e...
C A I R
C A I R
C A I R
Olhando dentro dos olhos do abismo que sempre esteve dentro da carcaça levada tão a sério. O abismo cheio de hematomas. Que não se curam tão facilmente quanto os externos. Durante a queda, gritam os fantasmas, gritam as teorias, gritam as opiniões sobre as teorias alheias, gritam as teorias próprias, grita a negação disso tudo.
Os sentimentos ficam espalhados ao redor, na forma de sua representação em palavras. As palavras representando sentimentos, assim como na vida real. Como se os sentimentos fossem apenas letras agrupadas. E esses grupos de letras se esticam e se distorcem como que negando a finalidade a que foram destinados.
Os gritos de dentro são tão altos que impedem que seja produzido algum som externo.
O abismo é a dúvida, da vontade que ainda não soube se fazer querer, pela exclusiva culpa de quem a possui. Culpa assumida. Abismo necessário. Intrínseco, individual e imutável na essência.
A queda livre retorna agora à tona, como meu sonho do passado, que vai começar a tomar forma. Criatividade muda aprendendo a balbuciar.
Se calar...
Se calar...
Se calar...
Tropeçar, como sempre, e...
C A I R
C A I R
C A I R
Olhando dentro dos olhos do abismo que sempre esteve dentro da carcaça levada tão a sério. O abismo cheio de hematomas. Que não se curam tão facilmente quanto os externos. Durante a queda, gritam os fantasmas, gritam as teorias, gritam as opiniões sobre as teorias alheias, gritam as teorias próprias, grita a negação disso tudo.
Os sentimentos ficam espalhados ao redor, na forma de sua representação em palavras. As palavras representando sentimentos, assim como na vida real. Como se os sentimentos fossem apenas letras agrupadas. E esses grupos de letras se esticam e se distorcem como que negando a finalidade a que foram destinados.
Os gritos de dentro são tão altos que impedem que seja produzido algum som externo.
O abismo é a dúvida, da vontade que ainda não soube se fazer querer, pela exclusiva culpa de quem a possui. Culpa assumida. Abismo necessário. Intrínseco, individual e imutável na essência.
A queda livre retorna agora à tona, como meu sonho do passado, que vai começar a tomar forma. Criatividade muda aprendendo a balbuciar.
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Top Ipod: (Come on) Let's Go! - Smashing Pumpkins
domingo, 5 de agosto de 2007
Not enough
The time is not enough.
The inspiration is not enough.
The distance is not enough.
The missing is not enough.
The money is not enough.
The empty eyes are not enough.
The knowledge is not enough.
The loneliness is not enough.
The touch is not enough.
The words are not enough.
The patience is not enough.
The food is not enough.
The will is not enough.
The feelings are not enough.
Even the longing is not enough.
She feels so weary sometimes…
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Top Ipod: Fado das Dúvidas - Madredeus
The inspiration is not enough.
The distance is not enough.
The missing is not enough.
The money is not enough.
The empty eyes are not enough.
The knowledge is not enough.
The loneliness is not enough.
The touch is not enough.
The words are not enough.
The patience is not enough.
The food is not enough.
The will is not enough.
The feelings are not enough.
Even the longing is not enough.
She feels so weary sometimes…
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Top Ipod: Fado das Dúvidas - Madredeus
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